Tipo de atendimento TISS: saiba como classificar corretamente

Quem trabalha com planos de saúde sabe que a parte administrativa pode ser desafiadora. O envio de guias, a comunicação com operadoras e o faturamento precisam seguir regras bem definidas. É aí que entra o padrão TISS, um modelo que organiza e padroniza a troca de informações no setor.
Classificar corretamente o tipo de atendimento TISS e preencher os campos obrigatórios evita recusas de pagamento e retrabalho. Pequenos erros podem gerar atrasos e comprometer o fluxo financeiro da instituição.
Neste artigo, vamos explicar como funciona o padrão TISS e quais cuidados são necessários no preenchimento das guias. Se sua clínica ou hospital aceita convênios, essas informações podem facilitar o dia a dia da equipe.
O que é padrão TISS?
Se uma clínica , hospital, laboratório ou consultório atende planos de saúde, o padrão TISS faz parte da rotina. Ele padroniza a troca de informações entre operadoras e estabelecimentos de saúde, garantindo que tudo siga um formato único.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável por regular os planos de saúde no Brasil, criou esse modelo para organizar processos, como solicitações de exames, autorizações e pagamentos. Sem um padrão, cada empresa seguiria um formato diferente, o que dificultaria a comunicação e aumentaria as chances de erro.
Sendo assim, estabelecimentos que aceitam convênios precisam adotar o Padrão TISS. Além de facilitar o faturamento, ele permite que a ANS acompanhe as operações do setor com mais transparência.
O Padrão também contribui para a organização de prontuários e registros de atendimento. Com informações estruturadas, médicos e operadoras ganham mais eficiência na gestão dos dados e no acompanhamento dos pacientes.
Principais tipos de atendimento TISS
O padrão TISS classifica os atendimentos de acordo com o tipo de serviço prestado. Cada categoria tem um código específico e deve ser informada corretamente nas guias para evitar problemas no faturamento. Veja abaixo os principais tipos:
- Remoção: quando o paciente precisa ser transferido de um prestador para outro dentro da rede credenciada do plano. Esse serviço pode envolver transporte terrestre ou aéreo, dependendo da urgência do caso.
- Pequena cirurgia: procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade que não exigem internação. São realizados com anestesia local e incluem biópsias, retirada de lesões e suturas simples.
- Consulta: atendimento ambulatorial realizado por um profissional médico em consultório ou clínica. Pode ser uma consulta de rotina, primeira avaliação ou acompanhamento de um tratamento. Pode consistir apenas na realização da própria consulta, ou consulta com exames complementares, feitos durante o próprio atendimento, como ocorre comumente na oftalmologia e na gineco obstetrícia, por exemplo.
- Exame ambulatorial: procedimentos diagnósticos como exames laboratoriais, de imagem e endoscopias. Esses serviços são solicitados por um médico e não exigem internação.
- Internação: atendimento que exige permanência do paciente no hospital por um período determinado. Pode envolver cirurgias, tratamentos prolongados ou monitoramento intensivo.
- Pronto-socorro: atendimento de urgência ou emergência prestado em unidades hospitalares. Inclui casos como acidentes, infartos, crises respiratórias e outras situações que exigem ação imediata.
- Outras terapias: sessões seriadas de tratamentos como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional. Esses atendimentos costumam seguir um plano de reabilitação definido pelo profissional responsável.
Além desses, existem outros tipos de atendimento, como quimioterapia, radioterapia e terapia renal substitutiva. Cada um possui regras específicas dentro do padrão TISS e precisam ser registrados corretamente para garantir a sequência do processo de recebimento e pagamento da conta, e sua transmissão da operadora para a ANS em conformidade regulatória.
Importância da classificação correta do tipo de atendimento TISS
Registrar o tipo de atendimento corretamente no padrão TISS faz toda a diferença no dia a dia das clínicas e hospitais. A organização dessas informações evita problemas no faturamento e garante que os dados circulem de forma eficiente entre prestadores e operadoras e entre a operadora e a ANS.
Um erro na classificação pode levar à recusa de pagamentos e atrasos no recebimento. Se um exame for registrado como consulta, por exemplo, a operadora pode não aceitar a guia por inconsistência de dados em relação ao padrão TISS. Isso gera retrabalho, aumenta a carga administrativa e impacta o fluxo financeiro da instituição.
Além da parte financeira, o registro correto melhora a organização dos prontuários e facilita o acompanhamento dos pacientes. Quando as informações são bem categorizadas, médicos e operadoras acessam o histórico com mais precisão. A padronização TISS também ajuda a manter a continuidade do tratamento.
A ANS utiliza esses dados para monitorar o setor de saúde suplementar. Classificações erradas podem distorcer estatísticas e dificultar a análise dos serviços prestados.
Mudança de versão do Padrão TISS e Tipos de atendimento
Em 01/05/2023, entrou em vigor a versão 4.0 do Padrão TISS. A mudança de versão trouxe à TISS novos campos, como Regime de Atendimento e Saúde Ocupacional, e mudanças relevantes no uso do campo de Tipo de atendimento.
Nas guias TISS, o campo de Tipo de Atendimento é obrigatório em guias de tipo SADT (Serviço Auxiliar de Diagnose e Terapia) da rede de prestadores da operadora, e opcional para reembolsos e prestadores eventuais. Embora esse campo não seja novo, a TISS 4.0 promoveu alterações na tabela TUSS dos termos usados para o seu preenchimento, a tabela TUSS 50 – Terminologia de Tipo de Atendimento.
Os seguintes Tipos de Atendimento foram inativados na TISS 4.0:
- Exame Ambulatorial
- Atendimento Domiciliar
- Internação
- Pronto Socorro
- Saúde Ocupacional – Admissional
- Saúde Ocupacional – Demissional
- Saúde Ocupacional – Periódico
- Saúde Ocupacional – Retorno ao trabalho
- Saúde Ocupacional – Mudança de função
- Saúde Ocupacional – Promoção a saúde
- Saúde Ocupacional – Beneficiário novo
- Saúde Ocupacional – Assistência a demitidos
Parte dos termos inativados passaram a compor duas novas tabelas criadas na TISS 4.0, TUSS 76 – Terminologia de Regime de atendimento e TUSS 77 – Terminologia de Saúde Ocupacional; e um dos termos, Exame Ambulatorial, foi substituído por um novo termo: Exame.
Na TISS 4.0, as opções de Tipos de Atendimento vigentes são as seguintes:
- Remoção
- Pequena Cirurgia
- Outras Terapias
- Consulta
- Quimioterapia
- Radioterapia
- Terapia Renal Substitutiva (TRS)
- Pequeno atendimento (sutura, gesso e outros)
- TELESSAÚDE
- Exame
Embora o prazo final de implantação da TISS 4.0 tenha sido em 30/04/2023, ainda hoje há prestadores que trabalham com versões anteriores. Para esses casos, o prestador deve observar os termos de Tipo de Atendimento que estavam vigentes antes da TISS 4.0. O novo Tipo de atendimento Exame não pode ser usado em guias de versões antigas, assim como os antigos Tipos de atendimento, que foram inativados, não podem ser usados em guias da versão 4.0.
Outros campos importantes em guias de atendimento TISS
Preencher corretamente as guias de atendimento TISS é fundamental para garantir uma comunicação eficiente entre prestadores de serviços de saúde, as operadoras de planos, e a ANS. Além dos tipos de atendimento, é importante atentar para outros campos essenciais que compõem essas guias.
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)
O CNES identifica cada unidade de saúde no país. Informar o código CNES corretamente nas guias assegura que o atendimento seja associado ao estabelecimento responsável. Caso o prestador ainda não possua o código do CNES, deve-se preencher o campo com ‘9999999’.
Código na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)
O CBO especifica a ocupação do profissional que realizou o procedimento. Preencher este campo de forma correta é importante para identificar a função exercida pelo profissional no atendimento. O código CBO do profissional executante deve ser informado conforme a tabela de domínio TUSS24 – Terminologia do código brasileiro de ocupação da ANS.
Além desses, outros campos merecem atenção:
- Conselho Profissional e Número do Conselho: indicam a qual conselho o profissional está vinculado e seu respectivo número de registro.
- Data de Realização: registra o dia em que o procedimento ou atendimento foi efetuado.
- Código do Procedimento: refere-se ao código específico do procedimento realizado, conforme tabela de domínio da ANS.
Seguir o padrão TISS corretamente ajuda a manter a gestão mais organizada, reduzir erros no faturamento e garantir uma comunicação eficiente entre as agendas da Saúde Suplementar. Registrar o tipo de atendimento TISS da maneira certa e preencher campos essenciais são passos importantes para evitar inconsistências nos dados, minimizar glosas e prevenir problemas no processamento das informações.Além do Padrão TISS, outro ponto que merece atenção é o batimento entre esse padrão e o DIOPS. Se você quer entender melhor essa relação e como ela impacta a situação regulatória das operadoras, baixe agora o e-book Fundamentos Batimento TISS x DIOPS e tenha acesso a um guia completo sobre o tema!